Arquitectura emocional: como pode melhorar a sua vida?

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Comecemos por explicar o que é a arquitectura emocional. O conceito surgiu pelas mãos de Mathias Goeritz em meados do século XX. Este princípio—o de arquitectura emocional—converteu-se no eixo dinamizador e fundamento teórico e estético do trabalho deste pintor e escultor de origem polaca. O artista apelava à necessidade de criar espaços, obras e projectos que gerassem, no Homem moderno, uma emoção máxima frente ao funcionalismo, à estética e à autoria individual. 

A ideia inicial era a de que arquitecto moderno, com a introdução do funcionalismo na arquitectura, se estava a circunscrever ao intelectual, ao individual e ao impessoal, fazendo com que a parte racional, estética, utilitária e funcional da arquitectura ganhasse ao lado emocional, ou seja, ao das sensações transmitidas pelo espaço.

Nos arquitectos Luis Barragán e Ricardo Legorreta, encontramos a máxima expressão da arquitectura emocional. A cor, a luz natural e a água são os elementos que criam, de forma articulada, espaços que seduzem com as suas atmosferas e nos fazem sentir e viver a casa de uma forma diferente. 

A finalidade da arquitectura emocional é fazer-nos sentir e aspirar a algo mais que a uma simples estética arquitectónica ou casa funcional. É fazer-nos alcançar um nível emocional de elevação espiritual, de contemplação e de desfrute absoluto. Como afirmou Goeritz, só recebendo da arquitectura emoções verdadeiras é que o Homem a pode voltar a considerar como uma arte.

Neste livro de ideias, vamos mostrar-lhe alguns exemplos de arquitectura habitacional com estas características. Não se trata de elaborar um projecto com custos avultados, mas sim de adaptar os espaços às sensações.

Saiba mais.

1. Unidade

Na arquitectura emocional, tanto o espaço aberto como o construído devem surgir como um universo a descobrir. Mas a unidade vai mais além neste estilo arquitectónico: o arquitecto, os designers, os construtores, os pedreiros e os demais profissionais envolvidos na obra são um só. Podem não ser os mesmos fisicamente, mas devem trabalhar em equipa, ou seja, em unidade. Um espaço, um trabalho, um mundo de sensações. 

2. Luz e materiais

Uma das premissas da arquitectura emocional é fazer com que as pessoas se sintam dentro de uma obra de arte viva, tanto fora, como dentro. A luz e os materiais, as texturas e o manejo dos elementos são os responsáveis por produzir esse efeito.

3. Espaços em harmonia

A harmonia deve estar sempre presente na arquitectura emocional, tanto no uso das cores, materiais e dimensões, como também (e sobretudo) no uso da luz natural e das texturas. Este terraço é maravilhoso porque tem as cores e a natureza sempre presentes. 

4. Os planos distintos

Um dos aspectos a seguir na arquitectura emocional é trabalhar a luz, a cor e as texturas em distintos planos: no uso dos espaços, nas paredes, nos tectos, nos planos de escadas e nos níveis distintos. A vegetação faz a sua parte com a cor e a frescura que lhe estão inerentes.

5. A arquitectura paisagista parte da arquitectura emocional

Entre os toques pessoais do arquitecto Luis Barragán está o interesse pelos jardins e pela arquitectura paisagista. Cada espaço, interior e exterior, conta com a natureza em constante relação com as paredes, os tectos e a sensação transmitida pelo ambiente.

6. Luz natural

Na arquitectura emocional, as cores e as texturas vão mudando em termos de presença, de aspecto e de sensação conforme o dia passa e o sol se move. A luz natural integra-se tanto nos interiores como nos terraços, dependendo das nuvens, da estação e do estilo de janelas e espaço. 

7. Um toque de melancolia é fundamental na arquitectura emocional

As recordações de infância ou aquele estilo arquitectónico campestre que nos seduz a quase todos é parte da inspiração deste tipo de arquitectura. Como o arquitecto Luis Barragán afirmou: A minha arquitectura é emocional. Tratei de adaptar as necessidades da vida moderna à magia da melancolia deixada pelo passar do tempo.

8. A cor é essencial

O uso de cores fará com que a arquitectura produza novas sensações graças à luz natural. É importante escolher a cor mediante a incidência do sol em cada espaço. 

(tanto no interior como no exterior)

Muito importante na arquitectura emocional.

9. Espaços partilhados

Outra das ideias da arquitectura emocional é que, independentemente das dimensões, cada fusão de espaços ou cada passagem de um espaço para outro deve gerar novos universos para descobrir. Uma ampla divisão com um terraço produzirá diversas sensações consoante o clima, a hora do dia, o vento e a luz.

10. Materiais e combinações

Na arquitectura emocional, os espaços devem ser aproveitados ao máximo: paredes, estruturas do tecto, candeeiros, móveis, piso, arte, e assim sucessivamente. Os materiais devem harmonizar-se ou gerar contrastes agradáveis para provocar sensações intensas e acolhedoras.

11. A água e os seus reflexos

A água desempenha um papel muito importante no que toca a despertar emoções. A sua superfície reflecte as cores do espaço e a luz natural. A cada momento reflecte algo distinto, novas luzes, novas tonalidades e novas sensações. 

Despedimo-nos deste artigo com uma bonita frase de Luis Barragán que nos faz reflectir sobre o que deve ser a arquitectura para as pessoas: Acredito numa arquitectura emocional. É muito importante para a espécie humana que a arquitectura comova com a sua beleza. Se existem distintas soluções técnicas igualmente válidas para um problema, a que oferece ao utilizador uma mensagem de beleza e de emoção, é a arquitectura.

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